segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Livrai-nos do mal!




Fui atender um dos internos na Cric. Levei-o pra frente do sacrário. Ele contou que participava de rituais satânicos. Ele dizia que quando ele estava muito afim de drogas seu mestre providenciava. Certo dia, ele estava desesperado por drogas e pediu a satã. Na vila onde estava houve um tiroteio, uns dos bandidos caiu morto na frente dele com as mãos cheias de entorpecentes. Em seus rituais reunia-se num dos grandes cemitérios de Porto Alegre, onde eram colocados os indigentes, vítimas de violência e traficantes, para fazer festa e consumir drogas.
Mas agora, buscando livrar-se das drogas sentia-se muito mal. Desde que chegara na Cric ele não conseguia dormir em paz. Disse que não estava resistindo aquele ambiente da fazenda porque estava impregnado pela presença de Nossa Senhora. Relatou que era um consagrado, um sacerdote de satanás. Mas desde que tinha chegado na Cric, pra cada lado que olhava via a imagem de Nossa Senhora, chamando-o pro Reino de seu Filho Jesus.
Uma determinada noite escutou um dos Exu, entidade a quem era consagrado, ordenando: saia daqui, não permito que você fique aqui. Aqui você não tem força!
Os monitores não sabiam o que fazer. Então fomos fazer orações pela situação. Pela manhã ele decidiu ir embora e deixou a fazenda.
No outro dia, a tarde, soubemos que ele recebeu um tiro, perdendo uma das perna perto do pampa safári, um parque temático da Grande Porto Alegre. O homem havia andando por lugares onde seu mestre não queria que ele andasse!

A figueira amaldiçoada




Nas sextas-feiras tinhamos reunião de Grupo de Oração na Fazenda do Senhor Jesus, em caráter não obrigatório. Filhos de Deus era o nome do nosso grupo. Num daqueles encontros me recordo de haver poucos internos, por isso organizamos o grupo ao redor de uma mesa. O local era um galpão adaptado como sala de reunião, com duas portas,uma entrada e uma nos fundos. Preparamos o local, acendemos uma vela e entronizamos uma imagem de Nossa Senhora.
Depois de cantar os louvores, iniciei uma oração de cura e libertação. Durante a oração fizemos um momento de renúncia, aquela em que renunciamos a Satanás e reconhecemos a Jesus como único Senhor e Salvador de nossas vidas.
De repente, enquanto orávamos uma das portas se abriu abruptamente, um vento forte entrou, as luzes se apagaram, exceto a vela de Nossa Senhora. Na sala estavam alguns instrumentos e materiais do Ministério de música. A bateria foi erguida subitamente, e lançada contra a parede. As cadeiras que não estavam sendo usadas se ergueram do chão foram arremessadas também na parede do salão. A rajada de vento entrou pela porta da frente e saiu pela porta dos fundos na direção do bosque que lá existe. Pois bem, naquele bosque havia uma figueira centenária no caminho do vento. O medo se apoderou de todos e rezamos o Magnificat até que tudo se acalmou.
Passado esse imprevisto, movido pelo Espírito, eu disse ao grupo que não se aproximassem daquela figueira porque um espírito impuro havia se dirigido pra lá. Instantes depois, a energia elétrica retornou. Para discernir o que tinha ocorrido pedi aos participantes que partilhassem aquilo que haviam renunciado.
Então, um dos jovens presentes testemunhou que havia sido consagrado num batismo de sangue. A mãe dele consagrou a família, num terreiro de macumba, a Exu uma das divindades africanas. Durante o momento da oração o jovem renunciou àquela consagração, aceitando Jesus como seu único Senhor Salvador e libertador.
Exatamente uma semana depois, na sexta-feira seguinte, recebi um telefonema da fazenda, dizendo que a figueira tinha sido explodida por um raio fulminante, restando apenas alguns pedaços do tronco.
Quanto ao jovem, prosseguiu e terminou seu tratamento de recuperação.

Libertação na Via -crucis




Este relato aconteceu na Fazenda do Senhor Jesus de Viamão, RS. Bira tinha 17 anos, era dependente de cocaínas e inalantes. Certo dia ele falou comigo, pedindo permissão pra fazer a via sacra, de joelhos. Na oportunidade eu neguei para não escandalizar os outros internos.
Ocorre que pouco tempo depois fui a Fátima. Chamou-me atenção aqueles peregrinos fazendo um longo trajeto de joelhos dirigiam-se até a capela das aparições local de destaque na cova da Iria.
Na volta dessa viagem falei com Bira. Ele insistiu que deveria fazer aquele sacrifício , pra ser curado e liberto. Então eu permiti, nas seguintes circunstâncias: deveria ser a noite, depois que todos fossem dormir, e como proteção usasse joelheiras.
Marcamos para a quinta-feira santa.
Chegado o dia, quando tocou o segundo apito às 22h, um alerta convencionado pro silêncio, Bira saiu do sacrario e começou a subir o morro da via-sacra . Trata-se de um percurso construído nas terras da fazenda, morro acima, construído para a meditação dos internos. No alto, a cruz.
Naquele dia eu estava na fazenda, pois o coordenador da casa , um dos monitores de plantão, estava doente. Estávamos no alojamento dos monitores em 4 pessoas enquanto Bira subia o morro em sua penitencia. Ele já estava no percurso há uns 10 minutos, e pedi ao Nivaldo, um dos monitores, o paulista, que o seguisse a uns 50 metros atrás, sem que fosse percebido. Momentos depois ouvimos um barulho assustador. Um grito terrível, que encheu a todos de medo. Saímos do quatro, corremos até o paulista, perguntando o que seria o grito. Ele surpreso,respondeu que não tinha ouvido nada.
Bem, já que estávamos ali, decidimos acompanhar o Bira a distancia no caminho da via crucis. Na metade do caminho, soprou um vento gelado, assustador, eu ainda comentei, que parecia que espíritos impuros saiam dele...e seguiram-se várias rajadas que moviam as árvores.

Mas havia outro fenômeno estranho. Do alto do morro, percebemos um silencio incomum, olhamos abaixo, os cães das fazendas em volta estavam em silencio. Todos os patos e gansos estavam no lago mansamente, nadando no escuro, aquela hora da noite, num silêncio indescritível, enquanto comentávamos, Bira deu um grande grito. Ele estava aos pés da cruz, no alto do morro. Tio Elio, Nossa Senhora veio ouvir meu pedido de perdão! Instantaneamente fomos todos jogados ao chão de joelhos...Vimos um horizonte luminoso, cores lindas, uma árvore, ao fundo do calvário estava envolta numa luz, e ele gritava :Nossa Senhora!
Bira estava pedindo perdão por oito execuções que tinha feito. Ele era o mais novo de uma quadrilha, e era o encarregado de dar o disparo final nas vitimas. O ultimo caminhoneiro que ele matou era um conhecido de sua família, da cidade de Cachoeira do Sul.
Nessa mesma noite, minha filha orando em casa, sentiu que eu estava em perigo, e Nossa Senhora estava pedindo que orasse. E começou a rezar o terço. Ela viu uma escuridão e via demônios saindo na direção do mato, na escuridão. Nossa senhora aparecia como uma estrela, um feixe de luz e iluminava todo lugar.
Depois dessa experiência na via sacra, Bira concluiu o tratamento e manifestou a intenção de tornar-se um monge católico.
Em minhas orações, Nossa Senhora me pediu pra construir naquele local um santuário e prometeu que todo interno que lá se ajoelhasse se aproximando do calvário de Jesus, ela intercederia.
Por razões diversas o santuário não chegou a ser construído. Eu fui trabalhar em outra comunidade terapêutica, a fazenda da Imaculada Conceição em Gravataí, onde ajudei a construir um pequeno santuário, dedicado à Nossa Senhora. Coincidência ou não, no dia da inauguração percebi que fazia exatos sete anos do ocorrido no morro e do pedido que Nossa Senhora me havia feito de construir um santuário.

Sob o Manto da Imaculada




Certo dia pela manhã me encontrava na fazenda do Centro de Recuperação Imaculada Conceição (Cric), situada no município gaúcho de Gravataí, na região metropolitana de Porto Alegre. Trata-se de uma comunidade terapêutica católica, para recuperação de dependentes químicos e minha função é de coordenador do programa de recuperação. Então naquele dia, M.H. um dos monitores, muito assustado, pediu-me para falar com Vinício um dos internos. O rapaz estava num estado de profunda tristeza e nada que o monitor tentasse para ajudá-lo parecia surtir efeito.
Nesse dia, dirigi-me ao oratório da Mãe Imaculada que se encontra a beira do lago da comunidade terapêutica, um local muito agradável, com a intenção de atender os internos aos pés da imagem da Senhora do Céu. Vinicio chegou,assentou-se e começou a desabafar. Notei que seus olhos estavam sem brilho, sem vida. Fisicamente, esse rapaz já estava bem, desintoxicado, e avançava em sua recuperação, estando em vias de mudar de grupo. No processo de recuperação que dura nove meses, tempo da gestação de uma nova vida, a cada três meses há uma mudança gradativa dos grupos de tratamento. Todavia, era nítido pelo seu olhar que Vinício estava com a alma atormentada.
O rapaz contou sua história de tratamentos anteriores em comunidades protestantes, ressaltando que não se sentia bem, ali na frente daquela imagem de Maria. Respondi a ele que era ali mesmo, sob o manto de Maria Santíssima, que eu o via enquanto ele falava e que Maria Santíssima estava ali para ajudá-lo, intercedendo por ele. Em conversa posterior, a mãe de Vinício me disse que apesar do filho ter se tornado evangélico ela jamais abandonara a devoção a Nossa Senhora, e que sentiu que quando eu falava com ele era Deus que lhe dirigia a palavra.
As histórias de dependentes químicos são muito marcantes, a de Vinício não era diferente. Sua maior tristeza era que em seu passado ele havia executado duas pessoas na guerra do tráfico, dois oponentes de facções rivais do crime organizado. Um morreu na hora, o outro ele não sabia dizer, mas percebeu que o homem havia saído muito ferido do tiroteio. Esse fato, era o motivo de grande peso em sua consciência e por isso não dormia tranqüilo há quatro meses, sentindo remorso. Falou também sobre seu histórico de tratamentos anteriores, sem sucesso, as duras recaídas e a volta ao crime.
Depois comecei orar por ele. Durante a oração o Senhor mostrou-me uma visualização de que as vítimas não clamavam por vingança. Ao invés disso, me deu a seguinte palavra de ciência: você matou duas crianças. Foi o que o Senhor mostrou. Insisti na oração e o Senhor confirmava em meu coração a palavra forte:você matou duas crianças!
Eu ia dizendo a ele o que o senhor estava mostrando. Em seguida, como ele não acreditasse, como prova, o senhor deu uma outra palavra de conhecimento. Eu vejo uma agressão no teu pulmão esquerdo que era pra lhe ter tirado a vida, mas uma criança o protegeu. Nessa altura, Vinício tirou a camisa que usava e mostrou a enorme cicatriz no peito. Eu nada sabia a respeito daquilo...
No passado Vinício relatou tinha sido casado e estavam progredindo bem quando a mulher engravidou. Ele rejeitou o filho, pois em inicio de casamento, fase de conquistas materiais, um filho só iria atrapalhar o crescimento deles. Pois bem, essa criança que ele matou estava clamando a Deus, querendo o reconhecimento do pai, e uma reparação. Disse a ele que o Senhor mostrava um segundo aborto, mas Vinício disse não se lembrar,sem negar que houvesse acontecido.
Depois do ocorrido, Vinício separou-se da mulher e a ganância de subir na vida o dominou, não teve mais paz. Foi quando entrou no mundo do crime e o tráfico o conduziu ao fundo do poço.
Depois da oração,inspirado pelo Espírito Santo, recomendei a ele que fosse pra frente do sacrário, pedir perdão a Nossa Senhora pelo desprezo e falta de fé e pedir sua intercessão. E pedisse a Jesus que o perdoasse pelos seus crimes. Disse ainda, que orasse pelo filho que lhe desse um nome e orasse por ele.
Como resposta a essa oração, o Senhor disse que ele iria dormir aquela noite como nunca tinha dormido. Na manhã seguinte ele deveria rezar um terço em devoção à Nossa Senhora pela boa noite de sono e a partir disso ela transformaria sua vida. Sobretudo ele deveria testemunhar a graça ao restante de sua família.
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Passaram-se 15 dias. Tudo aconteceu exatamente como o Senhor havia dito na oração. As insônias acabaram-se. Ele estava perseverando, rezando o terço e trabalhava com afinco.
Vinício terminou seu tratamento tornou-se monitor de uma clínica de recuperação em São Paulo, estava feliz como nunca tinha se sentido.