terça-feira, 20 de abril de 2010

VICIO EM DROGAS É DOENÇA E DEVE SER TRATADO C/REMEDIOS


VICIO EM DROGAS É DOENÇA E DEVE SER TRATADO COM REMÉDIOS,
DIZ DRA. NORA VOLKOW – NIDA (EUA)


Fonte: G1
Secção: Ciência e Saúde
Data: 25/03/10
Estado: Nacional

Uma das maiores especialistas em drogas da atualidade esteve recentemente no Brasil (SP) e foi enfática ao caracterizar a dependência de substancias químicas como a Cocaína, o cigarro e a bebida: “A dependência é uma doença crônica no cérebro humano”

Nora Volkow, diretora do Instituto Nacional sobre Abuso de Drogas (NIDA) dos EUA, afirma que o vício em substâncias químicas afeta uma região do cérebro chamada de córtex orbitofrontal, responsável pela tomada de decisões. “Essas pessoas perdem o livre arbítrio para dizer não”.

Segundo Nora, há muitas pessoas que julgam os dependentes como pessoas moralmente fracas, e ignoram que elas perderam o controle de suas ações. “ Se você esta dirigindo um veículo e tenta não atropelar um gato, o freio pode falhar e você não consegue fazer o que quer. É difícil fazer as pessoas acreditarem algo semelhante ocorre com as drogas”, afirma. Mesmo quando a pessoa tem a melhor das intenções de não tomar a droga, ela perde a cabeça, o “freio” do cérebro não funciona.”

Genética e stress
De acordo com a especialista, os jovens correm um risco maior de se tornar dependentes químicos. “Na infância e na adolescência, o cérebro é muito plástico (fácil de ser ‘modelado’). Isso é bom para o aprendizado, mas ao mesmo tempo ajuda a pessoa a se tornar dependente de drogas.”

Nora aponta que correm mais riscos aqueles que têm predisposição genética para a dependência ou os que vivem sob condições estressantes, como os que não se dão bem com os pais ou com os amigos. Por isso, segundo ela, um dos métodos que funcionam melhor para a prevenção são os programas que estimulam a auto-estima dos adolescentes, como a prática de esportes.

Medicamentos
A diretora do NIDA, que é psiquiatra, defende também maior uso de medicamentos para o controle da dependência. Segundo ela, os remédios conseguem ajudar as pessoas a romper o ciclo vicioso que as leva usarem drogas compulsivamente.

“Assim como a hipertensão, a dependência de drogas é crônica e exige cuidado continuo. Entre os tratamentos que funcionaram bem estão os que foram levados a cabo por cinco anos, e não um ou três meses”, diz.

O psiquiatra Ronaldo Laranjeira, coordenador da Unidade de Pesquisas em Álcool e Drogas da Unifesp concorda com a médica. “ Se você parte do principio que o cérebro está com problemas, uma abordagem apenas psicológica pode deixar a desejar.”

Legislação
Segundo Nora, um dos fatores que leva ao vicio é o acesso livre às drogas que causam a legalização. “Hoje os maiores vícios que temos são álcool e nicotina, não porque são as drogas que causam mais dependência, mas porque são as mais disponíveis. Não é uma questão ideológica. É questão epidemiológica.”

Ao mesmo tempo, a psiquiatra diz ser contra encarar o dependente como um criminoso. Ela defende que o estado ofereça tratamento e ao mesmo tempo penalize quem não se submete a ele. “Nos Estados Unidos, médicos dependentes que não seguem o tratamento perdem sua licença para trabalhar”, conta.

[... Da palestra da Dra. Nora Volkow para cerca de 400 profissionais de saúde na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)...]

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